O Scooby-doo de Mike Tyson
Imagine que o Mike Tyson, ex-campeão dos pesos-pesados e mordedor de orelha, o homem com uma tatuagem gigante no rosto e o melhor coadjuvante do filme “Se Beber não case” no papel dele mesmo tivesse sua própria equipe de resolução de mistérios! Um time composto, além dele mesmo por um fantasma, sua filha adotada e um misógino alcólatra transformado em pombo em um furgão azul com um grande ponto de interrogação pintado.
Bom, eu topei com esse caso exemplar de non sense durante uma das acordadas da minha filha na madrugada tenho o (péssimo) hábito de, enquanto espero ela voltar para o sono pesado antes de devolvê-la para a cama, dar uma zapeada pelos canais da TV a cabo. Foi numa dessas que encontrei essa pérola no adult swim, a antiga faixa de desenhos para adultos do cartoon network, agora em um canal próprio.
A série é uma das coisas mais loucas que já assisti, mesmo quando comparo com Family Guy. Os episódios são curtos, as vezes com um gancho no fim que não se resolve ou simplesmente seguindo os acontecimentos de forma caótica. Não raro o mistério não é resolvido, isso quando há mistério.
Outra coisa que me impressionou é que é algo relativamente antigo. A série estreou em 2014, foi cancelada em 2019 após a quarta temporada mas era algo do qual eu nunca tinha ouvido falar. Ok, não sou o cara mais ligado em cultura pop ultimamente, mas com quem comentei não tinha idéia da existência dessa pérola.
Existe um caminho básico que cada episódio mais ou menos segue, com a equipe recebendo um pedido de ajuda através de pombo-correio. Daí pra frente o caos corre solto.
A “equipe” de mistérios tem um furgão azul com uma grande interrogação branca pintada, que é o logotipo do grupo, além de claro, uma cópia da tatuagem facial que o prório Tyson tem. Inclusive, no desenho ele dá voz ao seu próprio personagem, que usa uma espécie de conjunto de moletom azul com a mesma interrogação no peito esquerdo. Normamente no fim do episódio aparece o próprio Tyson sentado em uma cadeira usando a mesma roupa e falando alguma bobagem. Além dele temos sua filha adotiva de ascendência asiática (admito que, até onde assisti, não descobri exatamente qual seu pais de origem); Yung Hee, usando um conjunto parecido ao do pai, só que rosa e tentando ser a voz da razão; o Fantasma do Marquês de Queensberry, um personagem todo branco, usando roupas aristocráticas e cartola, com um ar afetado. Apesar de conseguir atravessar coisas sólidas, o marquês cozinha, muda de roupas de acordo com a ocasição (como o adorável avental “beije o fantasma” quando está cozinhando) e um ar afetado, agindo meio que como uma consciência intelectual e Pombo, aparentemente um cara que foi transformado no animal pela ex-esposa, ele é um alcoólatra e misógino com uma compulsão por insultar qualquer outro personagem.
Os episódios, apesar da fórmula básica são normalmente caóticos, muitas vezes com o mistério sem solução ou mesmo aumentado, isso quando há um final em si, e não um cliffhanger.
Enfim, tenho achado a série divertídissima. A inocência do Mike Tyson para as situações e suas confusões em entender a situação, o ar afetado do fantasma e o humor corrosivo e insultante do pombo tornam essa série um ótimo “tira-bode” de um dia ruim.
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